Jeremias não usava Snapchat!
13/10/2015 09:01Quando pensávamos que nada mais poderia ser inventado na internet, eis que somos surpreendidos novamente com o bombástico “snapchat”. Uma mídia social de interação instantânea, com o foco em fotos e vídeos, um baixo (ou nenhum) espaço para textos e o grande diferencial que é ser uma rede de curta memória, pois as postagens possuem apenas duração de 24 horas e após esse período elas são apagadas, simplesmente somem e não podem mais ser acessadas.
Acho isso incrível, pois revela muito a característica de nossa época, marcada pela capacidade de memória descartável, ou memória curta. Vivemos em um tempo onde o incentivo a memórias de longo prazo vai caindo no esquecimento. Tudo tem que ser rápido e instantâneo pouco a pouco, vamos rompendo com o valor do passado, das tradições e da memória, pois o que importa mesmo é o momento presente.
Em épocas de “memórias líquidas” (pegando o gancho da “Modernidade Líquida” do sociólogo Zygmunt Bauman), gosto de olhar para a tradição judaico-cristã e seus personagens. Eles me ajudam a perceber a importância da memória na vida de um homem e de uma nação, a importância de olhar para trás e assim visualizar o que vem pela frente.
“Quero trazer a memória aquilo que me traz esperança”, palavras do profeta Jeremias. Esse aí andou no contra fluxo do snapchat. Ele era mais da pegada do Instagram, do Ttwitter. Curtia sempre postar uma foto com a tag #tbt (throwback thursday). Jeremias, assim como tantos outros, sabia a importância de ter uma memória viva que era revisitada a todo instante para se lembrar dos feitos de Deus na história do seu povo e em sua própria vida.
Em épocas de memórias líquidas, prefiro ficar com um homem de memórias sólidas, um homem que sabia que as lembranças constituem uma casa que deve ser revisitada a todo instante, pois nos fornece base para enxergar o futuro. É o paradoxo de andar para frente, olhando para trás.
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