Eu me auto mutilo (muito ajuda quem não me julga)

18/12/2015 10:22

 

Meu relato de automutilação começa na infância,nasci em uma família desunida,onde havia muitas brigas,gritos e sofria maus tratos e abandono(como usar roupas sujas,me alimentar mal,não ter brinquedos,ficar doente e não receber tratamento médico e até mesmo vacinas importantes,ir a escola sem material escolar e com sapatos furados despertando risos dos colegas de classe,quando meu pai tinha dinheiro para comprar e não o fazia) recordo que na ´setima série ,já com 13anos,fui eleita a miss maltrapilho,por embora ser uma menina bonitinha sempre havia algum furinho nas minhas roupas já gastas e púidas .Minha mãe parecia um vegetal,via as coisas e se omitia e logo fui adquirindo uma tristeza profunda ainda na infância e ninguém pareceu se importar ou perceber e acabei que começando a me automutilar, mesmo sem haver consciência do ato que estava cometendo,percebo hoje que a maioria das pessoas tem quem se cortar,queimar etc... como alguem que quer chamar atenção para si o que é errado,pois tal ato é vergonhoso para quem os comete e inclusive os ferimentos e cicatrizes são escondidos e quando descobertos começa uma verdadeira maratona de desculpas mentirosas para justificar as marcas,e no meu caso até hoje,ninguém da minha família ainda sequer perguntou o que são  minhas marcas nos pulsos,tornozelos e tenho até uma no pescoço(a do pescoço foi uma tentativa de suicidio sem sucesso mesmo,o pescoço é um local muito visível para se cortar sem chamar atenção). Graças á Deus(no meu caso)o SUS não é de entrar em contato com a família quando dá entrada na sutura dos hospitais  públicos por motivos psiquiátricos,quando eu comecei a me cortar mais profundamente na intenção de encontar uma veia para abrir e fazer sangrar precisava ir ao hospital para fazer sutura,(pois o corte além de ficar largo caso não fizesse os pontos),qualquer movimento brusco  o ferimento jorrava sangue e daí já é uma missão quase impossível esconder a ferida,mesmo com um torniquete debaixo da roupa não é suficiente para mascarar o ferimento porque o cheiro do sangue se torna forte quando o fluxo de sangue na veia se abre para o exterior da ferida,isso só nos primeiros dias,depois ocorre a cicatrização,aqui me refiro ao pulso,(é galera,cortar os pulsos não mata mesmo cortando a veia cava ,a não ser que a rompa por completo,porém se socorrido a tempo,corre-se o risco de sobreviver e perder os movimentos dos dedos se atingir os ligamentos ou algo pior,como perder o braço por exemplo devido a uma necrose nos tecidos..). Infelizmente,sou viciada em me cortar e isso faz com que vc vá cada vez mais longe,hoje já não me satisfaço com um simples corte na pele,surge a necessidade de ver o sangue em abundância brotar das veias,faço isso em segredo e só procuro um hospital(público,pois uma vez no hospital particular quiseram me internar a força e ligar para a minha casa para comunicar a família e só me liberaram após eu ameaçar o hospital com a lei de que ninguém pode ser internado a força"Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal."

 "Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;"
Diz o magnífico Artigo 5º, inciso II.
Logo, ninguém pode ser obrigado a ser internado involuntariamente, a não ser se tiver cometido algum crime. Evidentemente, se justifica internar a força um usuário de crack que roubou para sustentar o vício.

Por esse motivo,nesses casos só procuro hospitais públicos,que por outro lado o atendimento psiquiátrico é mais carente e complicado e sempre saio de lá só com meu braço costurado mesmo.

                                      A sensação que sinto ao cortar a minha veia está bem descrita na bíblia em 3 de Jô (verso 21 ao 22)"Que esperam a morte e ela não vem e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos e que de alegria saltam e exultam achando a sepultura"

                                       Quando corto minha veia,cavo ela e vendo ali a possibilidade da morte me alegro.
                                       Sei que automutilação é uma doença,mas sem apoio da família fica díficil o tratamento, se conhecer alguém que passe por isso,prepare-se para ajuda-la da maneira certa,procure conhecer a doença e deixe os preconceitos de lado!


 

Se você está lendo, e passa  por isso, não fique sozinha (o). Me escreva, fale comigo e vamos procurar uma saída.

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