Conheça os sinais físicos do Bullying

31/07/2015 09:00

Algumas doenças também podem sinalizar que o seu filho está sendo alvo dessa prática. 

As novas tecnologias ampliaram as formas de intimidação nos ambientes escolares. Antes, tais atitudes se limitavam ao espaço físico das escolas. Hoje o mau uso das redes sociais disseminou os efeitos do bullying. As consequências psicológicas nas vítimas podem ser devastadoras. As desculpas para não ir ao colégio, a recusa aos convites dos colegas e um comportamento introspectivo em quem, antes, se demonstrava bastante disponível para as atividades do meio acadêmico podem evidenciar algo a ser investigado. Mas o problema não afeta só o lado emocional. Quem é agredido repetidamente apresentará sinais físicos que não devem ser desprezados.

EFEITOS DURADOUROS 

Um estudo recente do Departamento de Psicologia do Desenvolvimento Social da Universidade de Pádua (Itália) confirmou a relação entre o bullying e o desenvolvimento de quadros psicossomáticos (sintomas físicos desencadeados por distúrbios emocionais). Logo, quem sofre esse tipo de humilhação na infância ou na adolescência está mais propenso a apresentar a dor de barriga do exemplo acima, além de muitos outros.

Para chegar a essa conclusão, a pesquisa cruzou dados de outros 30 estudos, os quais avaliaram um total de 220 mil crianças de 14 países. De acordo com Gianluca Gini, professor de psicologia do desenvolvimento que atuou na elaboração da pesquisa, o bullying deveria ser encarado como um problema de saúde pública internacional, já que os resultados comprovaram que ele afeta a saúde geral de um grande número de indivíduos no mundo inteiro. E pode gerar complicações na vida adulta. 

QUANDO A BRINCADEIRA EXTRAPOLA 

É fato que todo mundo ganha pelo menos um apelido na época de escola. Ou acaba entrando na mira de algumas brincadeiras das quais não gosta. São experiências comuns nesta etapa da vida. Sendo assim, o que difere o bullying das gozações típicas da vida estudantil? Essa dúvida tem feito muitos adultos questionarem o potencial destrutivo desse tipo de humilhação.

É da autoria desse grupo comentários do tipo “Essa geração é muito mole” ou “Na minha época de escola, não tinha frescura: todo mundo brincava e tirava sarro de mim. E eu levava numa boa”. “O termo bullying abrange atos de ameaça, intimidação e violência física ou psicológica. Tudo é feito de maneira intencional e repetida sobre um ou vários colegas, provocando sofrimento psíquico acompanhado ou não de lesões físicas, numa relação desigual de poder”, explica Helena Masseo de Castro, psiquiatra e psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).

“É o ato realizado com o objetivo de agredir e humilhar o outro, o que é diferente de uma brincadeira natural. Nesta, uma das partes envolvidas se chateou com algo que foi dito, mas não houve a intenção de fazê-la sofrer da parte de quem fez a brincadeira”, completa a psicóloga e psicoterapeuta Gabriela Lamarca Luxo Martins (SP). São exemplos clássicos de bullying: espalhar boatos pejorativos sobre alguém; rir – e incitar os outros a fazerem o mesmo – de um defeito físico ou característica da qual a pessoa sente vergonha; agressões verbais ou físicas constantes; e até mesmo postar fotos ou fotomontagens comprometedoras em canais (fóruns, blogs e redes sociais) com ampla visualização. Esse último é uma das formas mais comuns de cyberbullying, que nada mais é do que a humilhação praticada no ambiente virtual.

DE OLHO NAS MARCAS

A psiquiatra Helena afirma que os hematomas e as mudanças comportamentais são os primeiros indícios de que o bullying está presente na vida da criança. Ela perde a vontade de ir à escola, seu rendimento nos estudos cai e uma tristeza incondicional a atinge – sempre pendendo para o isolamento social, tanto no ambiente escolar como fora. Entretanto, as doenças psicossomáticas são os sinais mais preocupantes. Isso porque existe a possibilidade de alguns deles se estenderem por toda a vida do indivíduo.

“Os incômodos mais comuns são os que derivam de crises de ansiedade e medo: dores de cabeça, dores de estômago, diarreia, coração acelerado, suor frio e opressão no peito”, explica a psicóloga Maria Tereza. Sintomas como insônia, tonturas, enjoo, dificuldade para respirar, tensões musculares e incontinência urináriatambém podem se manifestar. Se o problema não for solucionado, esse conjunto de sintomas normalmente evolui para um transtorno de ansiedade. Distúrbios gástricos (sobretudo a gastrite e a úlcera), transtornos alimentares e quadros crônicos de depressão e insônia são outras consequências possíveis. O suicídio é uma realidade em casos de depressão profunda ou quando a pessoa se sente totalmente encurralada pelo bullying.

 

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