A chave do coração

26/01/2016 08:42

Foto: pixabay.com

Numa instituição de ensino, todos recebem a mesma instrução, o mesmo ensinamento, o mesmo conteúdo. Porém, é curioso que, muitas das vezes, nem todos estão dispostos a se dedicar ao aprendizado; nem todos são aplicados, nem todos têm o interesse de levar a sério os estudos e o que lhes é passado pelos professores, mestres, instrutores, etc. Lógico que, levando em consideração os fatores e as diferenças sociais (o que não vamos aprofundar aqui). Mas, ainda sim, todos numa sala de aula ou ambiente de ensino (seja lá ele qual for) recebem o mesmo conteúdo.

Fico pensando nas pessoas que passaram por Jesus naquela época (e, por que não, hoje também). Sim, nas que foram tocadas por Ele, curadas por Ele, ministradas por Ele (seja pessoalmente ou na multidão, como o famoso Sermão da Montanha, por exemplo). Aquelas que só ouviram falar dEle e, ainda sim, foram curadas. Aquelas que tocaram nEle, tiveram um olhar dEle, um sorriso, um aperto de mão, uma boa notícia, uma condição ou a própria vida transformada, sei lá… qualquer coisa referente à pessoa de Cristo, algo pessoal, sabe?

Então, eis que Ele entra em cena! Mais uma vez, e desta, sentado num jumentinho. Todo o povo, alvoroçado e com ramos de oliveira nas mãos, finalmente reconhecia Sua divindade e majestade (Lc 19:38). Uma linda cena.

Obs.: É importante notar que, enquanto a multidão louva a Deus, aclamando Jesus como Rei, o próprio Jesus chora e se lamenta pelo que sobrevirá à sua cidade amada (v. 41-44).

O fato é que esse mesmo povo que o recebera como rei mais tarde falaria: “Acaba com este! Solta Barrabás!” (Lc 23:18); “Crucifica-o! Crucifica-o! Crucifica-o!” (v.21). Reivindica insistentemente Sua crucificação (v.23).

É… definitivamente, quantidade é muito diferente de qualidade! (Jesus chamou a muitos, escolheu 12, andou mais próximo de três e somente a um chamou de “discípulo amado”).

Muito provavelmente, ali havia muitas pessoas (senão a maioria ou a totalidade delas) que, de uma forma ou de outra, tiveram algum contato com Ele, seja escutando uma ministração, tocando nEle, falando com Ele, cheirando Suas roupas de tão próximos que estavam devido às multidões, olhando Seus atos e milagres, etc.

Então, se tiveram um contato tão próximo, tantas experiências, por que seus sentidos não foram capazes de identificá-Lo, como anteriormente fizeram?

Um detalhe interessante é que (novamente… a maioria das pessoas ou a totalidade delas) eram discípulos e, ainda assim, muitos O abandonaram anteriormente (Jo 6.66; 12.37), no episódio do julgamento, e também nos dias atuais, amando mais ao mundo, como diz acerca do cooperador de Paulo, Demas (2 Tm 4:10), por exemplo.

Isso porque apenas ser um discípulo NÃO BASTA!!!

Então, voltemos ao primeiro parágrafo, o da instituição de ensino.

Muitas vezes, somos nós que obstruímos a voz do Espírito Santo falando conosco, devido às nossas equivocadas escolhas. Somos aquilo que consumimos e da forma que consumimos. Quando nós, como discípulos de Cristo, entendermos que…

Falar é completamente diferente de DIZER (Gn 1:3);

Pegar é completamente diferente de TOCAR (Jr 1:9);

Cheirar é completamente diferente de SENTIR (2 Co 2:14,15);

Escutar é completamente diferente de OUVIR (Rm 10:17/ Mt 7:24-29);

Enxergar é completamente diferente de VER (Jo 5:19,20)…

… quem sabe algum dia (ainda que com erros e falhas na caminhada) possamos ter a clara e perfeita percepção de que Deus não tem filhos e filhas prediletos, e, sim, aqueles que O obedecem e amam mais do que outros (Ef 6:24)!

 

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