A Batalha de Todo Adolescente...Automutilação: se cortar , se bater, arrancar cabelos, se machucar...

05/07/2013 09:53
Hoje vou deixar aqui o post do REGIS MESQUITA , um psicólogo que mora em São Paulo.
 
Toda vez que alguém se machuca, sem a intenção consciente de se matar, é considerado automutilação.
 
Uma das redes sociais mais populares do mundo (Tumblr) anunciou a lista dos assuntos (tags) mais populares. Entre os mais populares estão várias personalidades e assuntos como amor, melhor amiga, frases legais e... cortes.
 
Entre as 15 tags mais populares duas são relacionadas ao ato de se cortar. Em quinto lugar vem “cortes”. Em décimo quarto lugar, logo atrás de ciúmes, vem “corte” (singular).
 
Parte das pessoas que buscam este tema estão atrás de cenas extravagantes. Outros, porém, procuram pessoas com quem possam compartilhar seus pensamentos, sentimentos, sonhos e pesadelos. Eles se identificam com o “cutting”.
 
 
 
 
Normalmente são adolescentes. O motivo é simples: adultos encontram outras formas de se mutilar.  Bebem, drogam, desistem da vida e dos sonhos, etc.
 
Adolescentes são sempre mais intensos e verdadeiros.  Enquanto o adulto tem sede de se esconder, adolescente tem sede de se mostrar. Alguns acabam se automutilando.
 
Todavia, este problema vai muito mais além da necessidade do adolescente de atuar, agir, mostrar que existe e tem vida própria (autonomia).
 
Uma parcela dos casos está associada a outras patologias como depressão, transtorno borderline e várias outras patologias. Razão pela qual deve-se fazer um psicodiagnóstico da pessoa que se machuca.
 
Existem alguns outros fatores importantes. Crianças que ficaram internadas em hospitais, às vezes por muitos dias, podem ter criado uma associação entre dor e prazer. Esta relação tem sido encontrada em vários estudos sobre sado-masoquismo.  Um dos maiores estudiosos do assunto chama-se Robert J. Stoller; ele escreveu livro muito interessante chamado:  Pain and Passion: a psychoanalyst explore the Word of S&M (Ed. Plenum Press). Robert descobriu que os membros de grupos sado-masoquistas passaram por tratamentos dolorosos na infância. A relação entre dor e alívio, acabou gerando um condicionamento mental forte no qual a dor é a porta para o prazer.
 
Dor e prazer estão muito mais próximos do que costumamos aceitar. As pessoas pagam para ir no “trem fantasma” para passar medo e levar sustos. O mesmo acontece na “montanha russa”; quanto mais radical, maior é o desafio, maior pode ser o prazer.
 
A automutilação é também uma forma de vencer um desafio. Muitos começam buscando o desafio, a “liberdade de fazer o que quiser” e acabam gerando um vício; um impulso que não podem mais controlar.
 
Os motivos pelos quais as pessoas se mutilam são muito diversos. Todavia, nem todos os casos são extremamente preocupantes. Por isto, os pais não podem entrar em desespero quando descobrem estas atitudes em seus filhos. Quase todo adolescente se considera incompreendido e tende a se isolar dos pais, mantendo algumas de suas atitudes e pensamentos escondidos. Faz parte desta fase da vida.
 
Alguns adolescentes descobrem profundos sofrimentos interiores à medida que atravessam a puberdade. Justamente nesta fase o vínculo com os pais fica um pouco mais distante. Uma das metas da educação deve ser manter aberto estes canais de diálogo e confiança. Para tanto é importantíssimo acostumar a dialogar com seus filhos desde pequenos. A noite é um momento muito bom para isto acontecer.
 
Este canal de diálogo somente é construído e mantido quando existe um profundo respeito pelo que a criança/adolescente fala. Jamais use contra eles o que eles confessarem. Tenha muita paciência para “trabalhar” as informações que eles trouxerem. Pense e reflita muito antes de agir. A regra é: eduque com leveza, suavidade e bons exemplos. A força tem que ser usada na educação em momentos esparsos e muito bem planejados.
 
Um caso: menino pré adolescente arrancava os cílios. Ele dizia que tinha vontade de arrancar e sentia um pouco de prazer. Era sempre à noite que vinha este desejo. Foi explicado para ele a relação entre dor e prazer, e dito que era ruim aumentar esta relação. Foi combinado que sempre que ele tivesse vontade de arrancar os cílios ele buscaria a ajuda dos pais. Nesta hora, os pais o acolheriam sem grandes comentários e “falações”. Ele também treinaria deixar sua mão parada - longe do rosto - nos momentos de tentação, a fim de dificultar o comportamento inconsciente.
 
Depois de algum tempo os desejos acabaram. Foi  explicado para os pais e para o menino que estes desejos voltariam eventualmente nos próximos ANOS. Precisariam ficar atentos e de vez em quando os pais deveriam lembrar o filho do que havia acontecido. É muito importante manter na memória consciente da criança/adolescente o que aconteceu, para manter a atenção para uma eventual “recaída”. Tudo foi feito com suavidade, leveza e permitindo o máximo que a criança pudesse falar do assunto e das suas percepções.
 
Atenção: a maior parte dos pais não sabe ficar calado enquanto a criança/adolescente fala. A ansiedade e a mania de dar palpites em tudo acabam inibindo o filho.
 
 Falar com a família sobre este assunto (automutilação) é muito difícil. Mais difícil ainda é explicar a origem de suas decisões e desejos. As palavras saem difíceis, a mente está confusa, a vida está difícil. Alguns querem agredir os pais, outros querem expressar sua raiva. Tudo é confuso, o diálogo é difícil. Não se deve jamais ficar sozinho, tanto o mutilador, quanto o irmão, namorada, pai, mãe. Como é muito complexo o assunto, parte-se do princípio de que algumas cabeças podem ser mais úteis que uma ou duas.
 
 
Lembrando...O motivo que escrevo é para tentar ajudar.
Se vc conhece alguém que passa por isso, tente ajudar conversando e sendo amigo.
Se vc é uma pessoa que se corta, eu quero conversar, quero tentar te ajudar de alguma forma.
Me procura, me conte, desabafe.
Cel. 8416-1366 (sms se quiser)
michellypinheiro@hotmail.com
Caso não queira se identificar...


 
 
 
 

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